(...) Quase tudo o que empreendemos, ou obedece a um calculado interesse ou visa à exaltação e nossa personalidade.
Assim, quando promovemos uma festividade, colocamos entre os primeiros convidados aqueles que, por sua posição na paisagem social, nos possam favorecer em algum propósito ou então nos honrem a casa com seu comparecimento, servindo para que os outros vejam como somos bem relacionados, seguindo-se a parentela e os amigos de cuja reciprocidade estamos seguros, aos quais trata os com toda a deferência, com o melhor sorriso nos lábios, enquanto evitamos receber ou mal suportamos os de condição humilde que de modo nenhum, poderão valer-nos ou recompensar-nos.
Nesses regozijo, fazemos questão de oferecer aos nossos convivas os melhores comes-e-bebes, despendendo, não raro, pequenas fortunas que dariam para atender às necessidades de inúmeros desgraçados: os pobres, estropiados, coxos e cegos, lembrados pelo Evangelho.
Para esses, porém, nosso coração e nossa bolsa se mantêm fechados, e quando, vez por outra, lhes atiramos uma esmola, acreditamos ter feito muito.
Por saber-nos assim tão insensíveis ao sofrimento alheio é que Jesus nos exorta; procurando despertar-nos o sentimento de solidariedade humana
Em sua linguagem figurada, insistimos, não pretende ele que substituamos à nossa mesa os amigos e parentes por aleijados e mendigos, mas que estendamos a estes a participação na prosperidade
que desfrutamos, que lhes amenizemos um pouquinho a dura e penosa existência.
Aos que lhe ouvirem o apelo sublime, assegura o Cristo que "serão retribuídos na ressurreição dos justos".
Quer isso dizer que o bem que façamos aqui na Terra, sem esperar retribuição, pelo só prazer de o praticar, terá sua recompensa no outro lado da vida, onde as virtudes cristãs que tenhamos desenvolvido nos situarão entre aqueles que, em paz com a própria consciência, gozam a ventura de... serem bons!
Rodolfo Calligaris
Do livro: Páginas de Espiritismo Cristão FEB
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