sábado, 6 de julho de 2019

Queixa e Reclamações

A queixa, onde se situe, será sempre sintoma de desequilíbrio do sentimento, requisitando atenção para trato imediato, sem o que se transformará em porta aberta à obsessão.
Psicólogos existem, que defendem a necessidade da criatura sofredora ou revoltada, colocar para fora tudo o que se lhe ergue no campo íntimo como espinho cruel, negando-lhes a possibilidade de ser feliz. No entanto, bem antes deles, o apóstolo Tiago recomendava: Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros. 
É absolutamente certa a premissa de que ninguém deverá guardar na intimidade da alma os cactos das amarguras, nem juntar, dentro do coração, as lágrimas doloridas das desilusões, transformando-as num mar lodoso, onde os melhores sonhos venham naufragar.
Guardar mágoa, requentar ressentimentos, amordaçar os impulsos dos sentimentos doloridos é como se deixássemos um vaso de fel trancado dentro do coração.
Entretanto, há um canal pelo qual podemos deixar fluir todas as lágrimas amarguradas, sem que contaminemos nem a própria alma, nem as almas dos que de nós se acercam.
Este canal é a prece!
Pela prece, deixamos correr o rio caudaloso do nosso pranto e, por abençoado mecanismo criado pela Divina Misericórdia, receberemos, ainda por esse canal, a água pura da consolação, que é levada a todos os escaninhos de nosso ser sofredor. (...)
Fala com o Pai - o nosso Pai!
Conta-lhe tudo! Abre tua alma ao Seu olhar. Confia-lhe todas as coisas que te agitam, desconsolando-te e aguarda a resposta do Céu.
O brando perfume do Amor Celeste te envolverá e recordarás que todos os que te ofendem são apenas irmãos teus, trazendo no recôndito do ser, dores irreveladas, ansiedades que eles mesmos não sabem desvendar ou culpas que lhes pesam como uma cruz, a qual, por estar oculta, não desperta a compaixão de nenhum Cireneu que pudesse ajudá-los a carregá-la (...|)
Temos plena liberdade para pensar, mas a liberdade de dizer deve estar condicionada à regra áurea que recomenda fazer aos outros o que gostaríamos que conosco fosse feito, lembrando que até hoje, não surgiu ninguém que nos trouxesse uma queixa ou reclamação para com elas construirmos o Templo da nossa Paz.
Esvazia pois os queixumes de teu coração no estuário luminoso do Coração Divino e segue trabalhando e servindo, amando e compreendendo.(...)


Aurélio

Do livro: Evangelho e Vida. Lar de Tereza
Organizadora: Brunilde Mendes do Espírito Santo

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