"Não vim trazer a paz, mas a espada"- disse-nos o Senhor. E muitos aprendizes prevalecem-se da feição literal de Sua palavra, para entender a sombra e a perturbação.
Valendo-se lhe do conceito, companheiros inúmeros consagram-se ao azedume no lar, conturbando os próprios familiares, em razão de lhes imporem modos de crer e pontos de vista, vergastando-lhes o entendimento, ao invés de ajudá-los na plantação da fé viva quando não comunguem a cartilha de violência e de crueldade.
O mundo, até a época do Cristo, legalizara a prepotência do ódio e da ignorância, mantendo-lhe a terrível dominação, através da espada mortífera da guerra e do cativeiro, em sanguinolentas devastações.
A realeza do homem era a tirania revestida de ouro, arruinando e oprimindo onde entendesse as garras destruidoras. Com Jesus, no entanto, a espada é diferente.
Voltada para o seio da terra, representa a cruz em que ele mesmo prestou o testemunho supremo do sacrifício e da morte pelo bem de todos.
É por isso que seu exemplo não justifica os instintos desenfreados de quantos pretendem ferir ou guerrear em seu nome.
A disciplina e a humildade, o amor e a renúncia marcam-lhe as atitudes em todos os passos da senda.
Flagelado e esquecido, entre o escárnio e a calúnia o perdão espontânea flui-lhe, incessante, da alma, para somente retribuir benção por maldição, luz por trevas, bem por mal.
Assim, se recebeste a espada simbólica que o Mestre nos trouxe à vida, lembra-te de que a batalha instituída pela lição do Senhor permanece viva e rija, dentro de nós, a fim de que, ensarilhando sobre o pretérito a espada de nossa antiga insensatez, venhamos a convertê-la na cruz redentora, em que combateremos os inimigos de nossa paz, ocultos em nosso próprio "eu", em forma de orgulho e intemperança, egoísmo e animalidade, consumindo-os ao preço de nossa própria consagração à felicidade dos outros, única estrada suscetível de conduzir-nos ao império definitivo de Grande Luz.
Emmanuel
Do livro: Ceifa de Luz FEB
Psicografia: Francisco C. XAvier
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