Não somos poucos os que nos
tornamos pessoas amargas, indiferentes ou frias, por causa de decepções
que afirmamos ter sofrido aqui ou ali, envolvendo outras pessoas.
A decepção foi com o amigo a quem recorremos num momento de necessidade e
não encontramos o apoio esperado. Foi com o companheiro de trabalho que
nos constituía modelo, parecia perfeito e o surpreendemos em um
deslize.
Tais decepções devem nos remeter a exames melhores das situações.
Decepcionarmo-nos com pessoas que estão no Mundo, sofrendo as nossas mesmas carências e tormentos não é muito real.
Primeiro, porque elas não nos pediram para assinar contrato ou
compromissos de infalibilidade para conosco. Segundo, porque o simples
fato de elas transitarem na Terra, ao nosso lado, é o suficiente para
que não as coloquemos em lugares de especial destaque, pois todas têm
seu ponto frágil e até mesmo seus pontos sombrios.
A nossa decepção, em realidade, é conosco mesmo, pois que nos
equivocamos em nossa avaliação, por precipitação ou por análise
superficial.
Não menos errada a decepção que afirmamos ter com a própria religião,
com a doutrina de fé cristã que está a espalhar, em toda parte, os
ensinamentos deixados por Jesus Cristo para os seres de boa vontade.
O que acontece é que costumamos confundir as doutrinas que ensinam o
bem, o nobre, o bom com os doutrinadores que, embora falem das virtudes
que devemos perseguir, conduzem as próprias existências em oposição ao
que pregam.
Como vemos, a decepção não é com as mensagens da Boa Nova, mas
exatamente com os que conduzem a mensagem. Nesse ponto não nos
esqueçamos de fazer o que ensinou Jesus: comparar os frutos com as
qualidades das árvores donde eles procedem, de modo a não nos deixarmos
iludir.
Avaliemos, desta forma, as nossas queixas contra pessoas e situações e
veremos que temos sido os grandes responsáveis pelas desilusões do
caminho.
Nós mesmos é que criamos as ondas que nos decepcionam e magoam.
Cabe-nos amadurecer gradualmente nos estudos e na prática do bem,
aprendendo a examinar cada coisa, cada situação, analisar a nós mesmos
com atenção, a fim de crescermos para a grande luz, sem nos
decepcionarmos com nada ou com ninguém.
Precisamos aprender a compreender cada indivíduo no nível em que se
situa, não exigindo dele mais do que possa dar e apresentar, exatamente
como não podemos pedir à roseira que produza violetas, que não tenha
espinhos e que não despetale suas flores na violência dos ventos.
* * *
Para que avancemos em nossa caminhada evolutiva, imponhamo-nos uma
conduta de maturidade, de indulgência e de benevolência para com os
demais.
Disponhamo-nos a brilhar, sob a proteção de Deus, avançando sempre, não
nos detendo na retaguarda a examinar mágoas e depressões, que se
apresentam na estrada como pedras e obstáculos, calhaus e detritos.
Fonte: Momento Espírita, com base o cap.28 do livro Revelação da Luz, pelo Espírito Camilo, psicografado por Raul Teixeira, Fráter
Imagem: Google imagem
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