domingo, 17 de janeiro de 2010

A MORTE



Toda morte é um parto, um renascimento; é a manifestação de uma vida até aí latente em nós, vida invisível da terra, que vai reunir-se á vida invisível do Espaço.
Depois de um certo tempo de perturbação, tornarmos a encontrar-nos, além do túmulo, na plenitude das nossas faculdades e da nossa consciência, junto dos seres amados que compartilharam as horas tristes ou alegres da nossa existência terrestre.
A tumba apenas encerra o pó. Elevemos mais alto os nossos pensamentos e as nossas recordações, se quisermos achar de novo o rastro das almas que nos foram caras.
Não peçais às pedras do sepulcro o segredo da vida. Os ossos e as cinzas que lá jazem nada são, ficais sabendo. As almas que os animaram deixaram esses lugares, revivem em formas mais sutis, mais apuradas. Do seio do invisível, onde lhes chegam as vossas orações e as comovem, elas vos seguem com a vista, vos respondem e vos sorriem. A Revelação Espírita ensinar-vos-a comunicar com elas, a unir os vossos sentimentos num mesmo amor, numa esperança inefável.
Muitas vezes, os seres que chorais e que ides procurar no cemitério estão ao vosso lado. Vêm velar por vós que foram o amparo da vossa juventude, que vos embalaram nos braços, os amigos, companheiros das vossas alegrias e das vossas dores, bem como todas as formas, todos os meigos fantasmas dos seres que encontrastes no vosso caminho, os quais participaram da vossa existência e levaram consigo alguma coisa de vós mesmos, da vossa alma e do vosso coração. Ao redor de vós flutua a multidão dos homens que se sumiram na morte , multidão confusa, que revive, vos chama e mostra o caminho que tendes de percorrer.
Ò morte, Ò serena majestade! Tu, de quem fazem um espantalho, és para o pensador simplesmente um momento de descanso, a transição entre dois atos de destino, dos quais um acaba e o outro se prepara. Quando a minha pobre alma errante há tantos séculos através dos mundos, depois de muitas lutas, vicissitudes e decepções, depois de muitas ilusões desfeitas e esperanças adiadas, for repousar de novo no teu seio, será com alegria que dará a aurora da vida fluídica; será com ebriedade que se elevará do pó terrestre, através do espaços insondáveis, em direção àqueles a quem estremeceu neste mundo e que a esperam.


LÉON DENIS

O Problema do Ser do Destino e da Dor

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